Por que a saúde mental de crianças virou uma emergência no Brasil

O aumento de diagnósticos de ansiedade e depressão em crianças e adolescentes acendeu um alerta nacional; entenda os fatores por trás dessa nova realidade.

Por que a saúde mental de crianças virou uma emergência no Brasil

A saúde mental de crianças e adolescentes no Brasil se tornou uma questão urgente de saúde pública. O recente alerta do Ministério Público de Minas Gerais, que recomendou a ampliação do atendimento psicológico para jovens acolhidos em Belo Horizonte, é apenas um sintoma de um problema muito maior. A medida reflete uma realidade que pais, educadores e profissionais de saúde observam com preocupação crescente: o aumento expressivo nos diagnósticos de ansiedade e depressão entre os mais jovens.

O cenário atual não é fruto de um único fator, mas de uma combinação complexa de pressões sociais, mudanças comportamentais e os efeitos ainda presentes da pandemia de Covid-19. O isolamento, a interrupção abrupta das rotinas e a convivência intensa com o medo e a incerteza deixaram marcas profundas. Agora, com a retomada das atividades, as dificuldades de socialização e a pressão por um desempenho acadêmico e social se intensificaram, criando um ambiente mais propício para o desenvolvimento de transtornos mentais.

Os fatores por trás da crise

A vida moderna impõe um ritmo acelerado que também afeta as crianças. A pressão escolar por notas altas e a preparação para o futuro começam cada vez mais cedo. Fora da sala de aula, a cobrança por popularidade e aceitação social, amplificada pelas redes sociais, cria um ambiente de comparação constante. Essa busca incessante por um ideal de perfeição, muitas vezes inatingível, gera frustração e ansiedade.

O ambiente familiar também desempenha um papel fundamental. Instabilidade financeira, conflitos domésticos e a falta de um diálogo aberto sobre emoções contribuem para o sofrimento psíquico. Muitas vezes, os próprios pais estão sobrecarregados e não conseguem oferecer o suporte emocional necessário, o que agrava a sensação de desamparo dos filhos.

Outro elemento decisivo é o uso excessivo de telas. A exposição contínua a smartphones, tablets e computadores está associada a problemas como dificuldade de sono, sedentarismo e isolamento social. O mundo virtual, com seus algoritmos projetados para prender a atenção, consome um tempo precioso que antes era dedicado a brincadeiras ao ar livre, interações cara a cara e ao desenvolvimento de habilidades socioemocionais essenciais.

Sinais de alerta que não podem ser ignorados

Identificar que uma criança ou adolescente precisa de ajuda nem sempre é simples. Muitos sinais podem ser confundidos com comportamentos típicos da idade. No entanto, a intensidade de certas atitudes devem servir de alerta para pais e cuidadores. É fundamental observar mudanças de comportamento que fogem ao padrão.

A seguir, listamos alguns dos principais sinais de que algo pode não estar bem:

- Mudanças de humor: Irritabilidade excessiva, tristeza constante, crises de choro sem motivo aparente ou apatia são indicativos importantes. A criança pode parecer mais reativa ou, ao contrário, indiferente a tudo.
- Isolamento social: Perder o interesse em brincar com amigos, evitar atividades em grupo que antes gostava e preferir ficar sozinho no quarto com frequência são comportamentos que merecem atenção.
- Queda no rendimento escolar: Dificuldades de concentração, queda brusca nas notas e falta de interesse pelas aulas podem sinalizar que a criança está enfrentando problemas emocionais que afetam sua capacidade de aprendizado.
- Alterações no sono e no apetite: Insônia, pesadelos frequentes ou excesso de sono, assim como a perda de apetite ou o ato de comer compulsivamente, são manifestações físicas comuns de sofrimento psíquico.

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